Preparar contextos significativos

Como educadores, precisamos refletir sobre as formas de estarmos juntos, contribuindo para o fluxo de experiências e conexão das crianças, garantindo nossa presença efetiva e afetiva. Precisamos interrogar e criar contextos que favorecem os tempos pessoais e subjetivos, permitindo as investigações envolvendo a cognição unida ao amor, trocas e acomodações. Isto é, criar contextos que possibilitem a existência de um meio solicitador, criando tensões cognitivas.

Dar espaço à produção intelectual
Permitir espaço à produção intelectual é promover conexões

Do mesmo modo, preparar espaços é um ato solidário, é um ato de amor. É olhar em suas múltiplas dimensões, significa doar-se pelo outro, pois envolve o descentrar-se ao planejar espaços investigativos e, portanto, educativos. Por outro lado, pensar que a excessiva sistematização, os currículos estagnados ensinam, é roubar as linguagens da infância, tirar a liberdade criativa de quem questiona a vida por natureza.
Significa nos conectar à proposta de que todos os ambientes são educativos, que o espaço é um terceiro educador, e todos os significados precisam ser escutados com todos os sentidos.
Muitas vezes planejamos sem pensar nos significados reais para as crianças, sem olhar na perspectiva delas, contemplando necessidades somente nossas, sem nos permitir entrar em contato com as experiências reais e pedagógicas das crianças. Precisamos, ao contrário, estar de coração aberto para ser e estar num espaço que é nosso porque é coletivo, cuidamos junto, descobrimos vidas bem vividas. E isso envolve acolher os pais, para serem participantes, coprotagonistas com suas crianças, e não meros expectadores.

Permitir a interação ao ar livre
Permitir a interação ao ar livre como forma de autoconhecimento

A primeira conformidade a ser rompida é a imagem tradicional de criança, tão consolidada, frágil, incapaz. Precisamos levar a escola ao ar livre, integrada à cidade, tornando visível a criança potente e criativa. Afinal, educação é oportunidade de emancipação do indivíduo, direito das crianças que devem encontrar imediato poder de exercitar o protagonismo, com seus múltiplos recursos afetivos, intelectuais, sensoriais, que se fazem perguntas curiosas e estão em relação investigativa com o mundo. Afinal, elas interrogam a própria vida, elaboram hipóteses, nos indagam, duvidam e nos confrontam questionando o “como” dos fenômenos, conciliando prática e teorias em suas elaborações.
Como educadores, devemos acreditar na criança e em suas cem linguagens que não separam as dimensões da experiência. Afinal, o conhecimento não é transmitido ou arquivado, nem passado em cadeias de conteúdos pré-determinados. Memória não é aprendizado, pois este necessita de inteligência ativa, bem como motivação individual. Para viver, precisamos encontrar sentido, e para aprender, também.

Liberdade criativa para ser e estar no mundo
Liberdade criativa para ser e estar no mundo

A apreciação artística, o gesto, o faz de conta, a literatura, a poesia, a dança, a música e a expressão corporal enriquecem as vivências dos pequenos e ampliam a forma como se relacionam com o mundo, como compreendem a e interpretam realidade ao redor.
Os educadores, validando a importância da criança explorar, sentir e experimentar para conhecer o mundo, devem provem momentos de reflexão e autoreflexão e, assim, oferecer propostas reais e significativas, que favorecem as diferentes formas de expressão e interação entre as crianças. Quanto mais oportunidades vivenciam, mais transformam as suas primeiras experiências em novas relações cognitivas construindo, assim, conhecimento.

Ter um espaço visualmente estimulante e repleto de protagonismo é forma de emancipação pessoal
Ter um espaço visualmente estimulante e repleto de protagonismo é forma de emancipação pessoal

Com uma gama de vivências significativas, as crianças vão construindo repertório para compreender a realidade e compartilhar suas ideias. Nesse cenário, as relações se estabelecem e as diferentes linguagens se transformam não só em instrumentos do pensamento como, também, numa maneira de conhecer a si e do mundo, muito além dos muros da escola.

About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

One Comment

  1. Ana Lucia Lemes 7 years ago

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