O brincar heurístico

“O brincar heurístico é uma abordagem, não uma prescrição. Não há uma única maneira correta de fazê-lo, e as pessoas em centros diferentes terão suas próprias ideias e juntarão seus próprios materiais. Com efeito, um dos grandes méritos dessa abordagem é que ela libera a criatividade dos adultos e torna a tarefa de cuidar das crianças muito mais estimulante.” – Elinor Goldschmied

O brincar ou jogo heurístico subverte a lógica industrializada do brinquedo pronto, sendo assim, não indica à criança, de forma implícita, o que deve ser feito, mas a instiga a ser criativa.

O brincar heurístico remete à ideia de descoberta, exploração, reconexão investigativa. O educador oferece materialidades pré-selecionadas, qualificadas, com características e tipologias diferentes (madeira, metal, bambu etc.). De modo organizado e criativo, o educador intencionalmente organiza os materiais como um convite à exploração, à pesquisa de largo alcance, sendo um dos educadores mais impactantes neste momento, o próprio ambiente. Inicia-se, para os menores que não se locomovem, o cesto de tesouros, com texturas diversas e materiais higienizados.

O termo heurístico vem da expressão grega EURECA! que significa descobrir ou alcançar algo de forma exploratória espontânea, não guiada.

Em suma, pode-se dizer que esta é uma proposta que respeita a infância pois envolve o oferecimento por um período suficente para a pesquisa e em um ambiente controlado, uma grande quantidade de tipos diferentes de objetos e receptáculos, para as crianças brincarem livremente e sem intervenção de adultos, que documentam o processo atentamente.

Essa exploração garante o prazer da descoberta pela própria criança, o aumento da mobilidade e da concentração e, por parte dos educadores, a criação de tempo e espaço para fomentar o brincar. Não há modo correto ou errado de utilizar os materiais, pois as trocas tornam-se cada vez mais colaborativas, e o olhar do educador, mais refinado quando à compreensão da lógica própria interna de cada criança, o que demanda olhar sensível para a compreensão de balbucios, gestos, olhares, feições. Nesse momento, uma prioridade desafiadora necessária é o SILÊNCIO, para que cada uma esteja livre para explorar seu potencial criativo.

Indicação: GOLDSCHMIED, E; JACKSON, S. O cesto de tesouros & O brincar heurístico com objetos (caps. 6 e 8). In: Educação de 0 a 3 anos, o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006

About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

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