As crianças têm a necessidade de brincar ao ar livre, pois, além de ser prazeroso, amplia as possibilidades de aprendizagem. Muitos países desenvolvidos, como a Noruega, Dinamarca e Inglaterra, há tempos já se atentam e desenvolvem programas de incentivo a tal proposta, valorizando a inserção de momentos no cotidiano escolar de contato direto tanto com a comunidade quanto com a natureza.
As crianças são seres naturais, nascem com o desejo de estarem ao ar livre. Para elas, o lado de fora é muito atrativo, e simbolicamente diferente do lado de dentro das janelas e paredes. As crianças se beneficiam das aventuras que o meio natural proporciona, com desafios motores, por exemplo. Escalada de galhos, árvores, rolar pelo barranco, são experiências que muitas crianças, reclusas, não têm hoje em dia.
É importante que a criança conheça o meio natural para desenvolver uma relação sensível a ponto de desejar protegê-lo. Afinal, se elas não tiverem experiências sensíveis em áreas externas naturais, como poderão compreender a preservação e outras questões ambientais?
Há, para os maiores, escolas em que grandes áreas de vegetação nem sempre são aproveitadas pelas crianças, em função da pressão que torna o foco curricular voltado para dentro da sala de aula. Em verdade, a verdadeira sala de aula para um processo de aprendizagem eficaz, é a sala de aula do mundo, sem restrições espaciais.
Por vezes, em escolas muito pequenas, não há área externa, o que restringe as chances de se incentivar tais movimentos ao ar livre. Neste caso, cabe aos pais intensificarem as experiências sensoriais em meio à natureza além do período escolar. Existem algumas razões simples pelas quais os pequeninos devem ter o contato com contextos como bosques, animais, parques ou simplesmente árvores, e o desenvolvimento de aspectos físicos e habilidades motoras é um deles.
Quando falamos em utilizar todos os sentidos para a aprendizagem, bem como desenvolver as múltiplas linguagens da infância, podemos logo estabelecer uma relação com os ambientes externos, que estimulam todos os sentidos e muito mais. Quantas texturas, cores, odores, paisagens sonoras a criança pode descobrir?
Há também uma associação indireta com o fortalecimento da saúde física e mental, das crianças e dos educadores, com o desenvolvimento da resistência a mudanças climáticas, condições meteorológicas, administração de conflitos, dor e obstáculos saudáveis. Consequentemente, há um acréscimo na autoestima pessoal.
Além disso, sabemos o quanto o brincar com qualidade influencia no processo de aprendizagem, reflete nas relações sociais e é um cenário favorável para o desenvolvimento de autonomia em longo prazo, sendo um exercício de liberdade. Na natureza, a criança passa a observar seu entorno sob outra ótica, com lentes da indagação e do encantamento, prestando atenção aos detalhes e minúcias, bem como transformações ambientais. E, por falar nisso, como anda seu olhar?