A entrada da criança na escola é de suma importância para o seu desenvolvimento. É neste momento que ela irá se inserir em um novo grupo e a família deixará de ser único foco de referência social.
Fazer parte de um novo contexto social, a escola, irá proporcionar um grande desafio para o amadurecimento emocional da criança, que terá de aprender a criar novos vínculos afetivos com pessoas até então desconhecidas, sejam elas crianças ou adultos.
A sua inserção e a aquisição de identidade social favorecerá por sua vez, além de novas relações, possibilidades e descobertas motoras. O mundo será visto de outro plano, tanto do ponto de vista social, como motor.
O movimento está presente desde o primeiro momento de vida. O bebê, por exemplo, já se comunica e interage e para isso utiliza-se de gestos e mímicas faciais, além de diversas linguagens não verbais. E a partir de experiências e estímulos a criança adquire cada vez mais o controle de seu corpo e, por consequência, a sua forma modulada de interagir com o mundo.
A necessidade de movimentar-se e explorar o espaço à sua volta é intensa, e o tempo de concentração em atividades motoras é inicialmente pequeno e restrito. Assim, cabe ao educador favorecer ao seu grupo propostas nas quais as crianças possam se desenvolver, interagindo com os brinquedos e materiais de forma a ampliar seu conhecimento de mundo. Balançar-se, rastejar-se, rolar, correr, escalar, espaldar, todas as propostas favorecem um posterior desenvolvimento e refinamento motor.
Comumente os vemos apalpando, torcendo ou até mesmo levando à boca objetos que estejam ao alcance. Dessa maneira também estão descobrindo as suas possibilidades de interação e as propriedades sensoriais às sua volta, bem como os atributos inerentes ao objeto em questão.
As descobertas infantis são ligadas às emoções, por isso, o melhor recurso que promove o desenvolvimento psicomotor nesta fase é o desafio cognitivo e motor. A estimulação psicomotora tem resultados positivos, se o lar, a escola e todos se unirem em um trabalho estimulador, afetivo, motor, de promoção de oportunidades de exploração de recursos de fala e cognição.
Segundo Piaget e Wallon, dois grandes educadores, “A evolução da criança é operada em sucessivas aquisições conjuntas, através de um sistema relação entre o meio da criança e o meio envolvente”. O tipo de estimulação não é tão importante quanto a forma como ele é oferecido. Em outras palavras, é preciso que haja cumplicidade e mediação nas brincadeiras oportunizadas pelo adulto, num repertório amplo.
A criança aprende brincando, dessa forma, deve-se proporcionar um ambiente acolhedor com inúmeras possibilidades de vivências permeadas pelo lúdico, com brinquedos educativos, sejam estruturados ou não, e brincadeiras que estimulam o desenvolvimento das percepções sensoriais das crianças.
Por meio de momentos lúdicos pode-se promover o trabalho pedagógico de estimulação motora e integração sensorial pautado no respeito à individualidade de cada um e no estabelecimento das relações coletivas inseridas na moralidade infantil.
Dessa forma, compreendemos que em nenhum outro período de sua existência o indivíduo experimenta um desenvolvimento tão intenso como nos primeiros anos de vida. Por isso, as propostas elaboradas devem buscar validar o processo de aprendizagem, que se destaca pelos mecanismos da repetição, da imitação e da exploração sensorial.
Nesse sentido, a criança desenvolve sua capacidade simbólica por intermédio de seu próprio corpo e com o resultado de suas experiências, de suas observações e de seus limites. Sendo assim, a criança amadurecerá a forma como ela irá se relacionar com o ambiente que a cerca, com situações e desafios sociais.