A afetividade está presente no ser humano, e o aluno é um ser humano, não importando a sua faixa etária. Trabalhar com sentimentos é possibilitar sua manifestação, favorecer uma tomada de consciência de si mesmo, de suas intolerâncias, alegrias, mágoas, desejos etc., buscando identificá-los, bem como ter a possibilidade de aprender a lidar com eles.
Ao proporcionarmos momentos em que as crianças possam extravasar emoções e, mais profundamente, reconhecer sentimentos em sala de aula, em propostas gráficas ou verbais, por exemplo, estamos valorizando esses sentimentos e mostrando às crianças, que o que elas sentem é muito relevante e tem significado para nós que, de fato, nos importamos com elas.
Além disso, crianças que têm a oportunidade de reconhecer os próprios sentimentos, compreendendo o que lhes causa alegria, tristeza, dor, admiração e tantos outros, têm condições de perceber a importância deles e de construir a ideia de que as outras pessoas também podem sentir, exercício tão importante sobretudo àqueles que, num pensamento ainda pré-operatório, enfrentam fortes traços egocêntricos.
Na Educação Infantil, em especial no maternal, torna-se muitas vezes dificultoso nomear os sentimentos, traduzindo-os em palavras, por isso, realizamos assembleias, e ainda, rodas de conversa em que as crianças podem avaliar as propostas realizadas no dia, citando as mais e menos preferidas, dando sugestões, opinando e confrontando ideias. Isso as faz sentir-se validadas em suas escolhas e opiniões. Existem muitos livros infantis interessantes que auxiliam os pequenos no autoconhecimento e no reconhecimento e legitimação de seus sentimentos. Além disso, realizamos inúmeros jogos de sentimentos, com os quais têm a oportunidade de nomear sensações, buscar sentimentos, avaliar situações agradáveis e desagradáveis, percebendo que a professora os releva.
Exemplificaremos apenas dois deles (com base em Tognetta – ver bibliografia):
1.MEMÓRIA / JOGO DAS EXPRESSÕES
DESCRIÇÃO: É um jogo de memória e, como tal, as cartas são distribuídas sobre a mesa com as figuras viradas para baixo. O dado é jogado e começa o jogo quem tirar o número maior. Os jogadores vão procurando os pares. A cada par formado, o jogador lembra um momento em que já se sentiu da maneira como está no desenho. Após todas as cartas terem sido viradas, cada jogador escolhe entre seus pares, ou do colega, uma expressão que melhor caracterize como está se sentindo nesse momento. Cada jogador mostra ao outro sua carta escolhida.
OBJETIVOS: Possibilidade de aprender a nomear, identificar e trabalhar os sentimentos nos diferentes momentos em que se encontra cada criança. Considerado-se que nem sempre a linguagem consegue expressar o que sentimos, a expressão do rosto e do corpo, algumas vezes pode falar muito mais do que a palavra.
2. COMO ESTOU ME SENTINDO
DESCRIÇÃO: As crianças recebem cartas, as quais contêm expressões diferenciadas.
Exemplo:
Primeiramente, lançam um dado para determinar quem inicia o jogo, constatando a ordem dos jogadores. Cada um sorteia uma expressão (sem que os colegas vejam), representando-a (através de expressão facial, sobretudo) para o grupo. Os colegas devem adivinhá-la para que então possam fazer o mesmo.
OBJETIVOS: Favorecer a auto-estima; refletir sobre seus sentimentos, externando-os; representar sentimentos de forma a melhor compreendê-los; falar de si; auxílio na construção da representação de si; trabalhar em grupo, solidária e respeitosamente.
Para saber mais sobre esses e outros jogos de sentimentos e temas envolvendo Maralidade Infantil:
BIBLIOGRAFIA:
TOGNETTA, Luciene R. P (2003). A construção da solidariedade e a educação do sentimento na escola. Campinas: Editora Mercado de Letras, pp.120-184.
TOGNETTA, Luciene R. P (2009). A formação da personalidade ética- estratégias para o trabalho com sentimentos na escola. Campinas: Editora Mercado de Letras.
LA TAILLE, Y (2002). Representação de si e valor. In La Taille, Y. Vergonha, a ferida moral. Campinas: Editora Vozes, pp 52-72.
MORENO, M.; SASTRE, G (2002). Uma visão atual sobre as emoções e os sentimentos. In: Resolução de conflitos e aprendizagem emocional. Campinas: Ed. Moderna, pp.22-47.