Na Educação Infantil sabemos o quanto é importante valorizar o lúdico na hora de propor desafios para as crianças. Desde pequenas, elas estão cercadas por um mundo fantástico que, aos poucos, torna-se cada vez mais significativo e repleto de símbolos a serem descobertos. É comum observarmos as diversas conquistas motoras na manipulação de objetos e no controle corporal, na linguagem que se mostra cada vez mais eficaz e expressiva, e na curiosidade desabrochando nas perguntas que parecem incessantes. Nesse processo, os jogos matemáticos são propostas de grande potencial para promover a interação, uma forma de atividade particularmente poderosa para estimular a vida social e a construção do pensamento da criança.
O raciocínio lógico-matemático está presente em diversas atividades realizadas pela criança, porém, os jogos desempenham um papel importantíssimo, não somente como sinônimo de brincadeira e entretenimento, mas como alavanca para desenvolver a criatividade, a iniciativa, a organização, o raciocínio lógico-dedutivo, a capacidade de resolver problemas, a autoconfiança, a concentração, o senso cooperativo e a sociabilização.
Tais situações que envolvem regras, como os Jogos de trilha e Dominó são alguns exemplos de propostas presentes no cotidiano escolar. Jogar o dado, contar a quantidade que apareceu na face deste objeto e avançar o número correspondente de casas são momentos em que as crianças, em meio a muitas risadas, aprendem se divertindo. Essas ocasiões devem ser garantidas semanalmente nos planejamentos e projetações dos educadores, ora dirigidas pelas professoras, ora protagonizadas apenas pelas crianças. Conhecendo previamente as regras e o modo operante dos jogos, os pequenos vivenciam situações de se organizarem. Enquanto isso ocorre, eles observam a maneira de resolver problemas pelos outros: assim, um aprende com o modo de pensar e agir do outro. Esse processo propicia a utilização de conhecimentos prévios adquiridos anteriormente, aquisição de novas ideias, atitudes e habilidades, dentre as quais algumas são investigação, tentativa e erro, levantamento e checagem de hipóteses.
O brincar da criança não é considerado simplesmente uma atividade complementar de forma pedagógica, pois acreditamos que é através dele que a criança desperta suas habilidades mais preciosas para um bom desenvolvimento, que a conduzirá durante toda a sua vida. “De fato, enquanto brinca, a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparar quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem dos conteúdos relacionados ao desenvolvimento do pensar aritmético. Por outro lado, brincar é uma oportunidade para perceber distâncias, desenvolver noções de velocidade, duração, tempo, força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas grandezas.”*
No Educação Infantil, devemos propiciar um ambiente “aritmetizador” com brincadeiras, jogos, atividades lúdicas, desafiadoras e interativas, desenvolvendo em nossos alunos a busca por soluções, a exploração de possibilidades além das noções matemáticas e de raciocínio.
Sabemos que a criança também desenvolve suas potencialidades e adquire seu conhecimento em casa, portanto, encorajamos aqui as famílias a deixarem seus filhos manipularem e experimentarem os diversos materiais que encontrar pela casa ou durante um passeio. Construam com ele(a) jogos e brinquedos, participem deste universo mágico, sorriam, divirtam-se e envolvam-se nas curiosidades matemáticas de seu(a) filho(a)!
*SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez e CÂNDIDO, Patrícia. Brincadeiras matemáticas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2000, vol.1, p.16.
SUGESTÕES DE LEITURA:
KAMII, C. e DEVRIES. Jogos em Grupo na Educação Infantil. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a Educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
MOURA, M. O. O jogo e a construção do conhecimento matemático. In: Série Idéias, SP: FDE, vol. 10.
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I. e CÂNDIDO, P. Brincadeiras matemáticas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2000, vol.1.