Pensar em Educação Infantil, sobretudo em maternal é, sem dúvida, nos remeter à palavra sentido, o que inevitavelmente nos indica a ideia de encantamento e curiosidade. Sem esses fatores, as crianças dificilmente teriam prazer em ir à escola. Mamães seguras e confiantes, crianças curiosas e com atitude de pesquisadores, fazem da adaptação um momento sereno e muito bem-sucedido. O choro, tão comum e natural, acaba sendo substituído por sorrisos espontâneos e muita descoberta. E aí começa o cotidiano na Educação Infantil!
A Educação Infantil, independente dos recursos de que dispõe, deve oferecer materialidades criativas. Sons, sabores, odores, texturas, paisagens estimulantes. No início de um ano letivo, vozes da doce infância já percorrem pelos corredores, e muita “arte saudável” reina na escola, que já ganha cores e tons novos nas suas paredes e murais de autoria. As primeiras marcas, tão significativas, representam indícios da constituição de uma história, são indicadores que formarão conceitos significativos aos pequenos. Explicando melhor…
Todos nós tivemos oportunidades para desenvolver memória, criar “símbolos”, que são associações de relações que para nós são significativas. Grande parte das redes neuronais que desenvolvemos é resultado da linguagem que aprendemos, das vivências que percorremos. Por exemplo, quem toca instrumento, tem redes neuronais que não se apagam, nem que fiquemos anos sem tocar. Assim, por intermédio do encantamento por aquilo que executa, a criança ativa seus próprios “instrumentos” para aprender e arquivar interessantes experiências emocionais.
Outros exemplos: o cantar exercita outras formações do cérebro. E ainda, dependendo da idade que se aprende uma língua ou se entra em contato com determinado vocabulário, usa-se outras redes neuronais, melodia, ritmo. Quando, no primeiro ano de vida, se grava fonemas diferenciados, a criança poderá usá-los para o resto da vida, porque não se “perdem”. Enfim, a idade que se ingressa na Escola faz toda a diferença, desde que, é claro, haja educadores comprometidos com o oferecimento de experiências estimulantes, adequadas e sensivelmente documentadas, além de respaldadas por diálogo formativo.
E como promover um desenvolvimento integral e saudável da criança? A primeira coisa a fazer é incentivar o uso da sua ferramenta mais poderosa, que é o corpo. Por meio dele, a criança entra em contato com texturas, temperaturas e gostos. Outras ações que praticamos tanto na Educação Infantil referem-se à estimulação da linguagem oral – por meio de histórias, rodas de conversas e músicas – e a imitação, entendendo a necessidade de reproduzir gestos e falas e procurando valorizar a expressão individual de cada um. Imitando, a criança reinterpreta o mundo à sua volta, constrói suas teorias e significados, elabora novas indagações.
São caminhos diversos e que contam com uma “plasticidade cerebral” maior do que se aprender mais tarde, porque a informação é processada de diferentes maneiras conforme a idade. Para que a linguagem oral se desenvolva, cabe ao professor reconhecer a intenção comunicativa dos gestos e balbucios dos mais pequeninos, respondendo a eles e promovendo a interação no grupo. Afinal, a criança é, em verdade, uma pessoa, um ser social e comunicativa e, portanto, a interlocução precoce e de qualidade desde cedo é muito recomendável.
Quanto mais variadas as experiências apresentadas, maior a garantia de qualidade no desenvolvimento do grupo. Assim, brincando, cuidando e educando, nosso apoio é fundamental para que a escola promova experiências significativas e para que, de forma lúdica, a criança pratique atitudes de independência, rume a autonomia e, principalmente, desenvolva-se socialmente, num novo contexto que acaba por integrar.