Ao contrário do que muitos pensam, a memória é sim um item muito importante na aprendizagem, e ela não deixa de ser significativa por isso. Basta pensarmos nas músicas, tão relacionadas à memória afetiva, em que as crianças rapidamente recitam cantigas complexas de memória, desenvolvendo amplo vocabulário. A educação construtivista não minimiza o papel da memorização, muito pelo contrário. Temos, por exemplo, o conhecimento arbitrário-convencional que, diferentemente do conhecimento físico, não depende tanto das experimentações diretas sobre o objeto do conhecimento e da observação de seus processos de transformação para se converter em aprendizagem, mas a partir do uso cotiano, como nome dos objetos, letras etc.
Contudo, a diferença é que a memorização está a serviço da educação, é uma ferramenta para o aprendizado, e não o seu único foco, junto ao treino motor, como ainda ocorre em muitas salas de aula, que não acompanham as necessidades e transformações sociais decorrentes do contexto atual. Nelas, os exercícios repetitivos se constituem ainda como principal ferramenta de ensino, deixando de lado as experiências legítimas da infância.
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Isso porque aprender não é o mesmo que acumular informações, mas, ao contrário, requer um processo de construção de conhecimento por meio de integração, modificação, transformação e (re)laboração. Aprender exige ação por parte de quem aprende, isto é, memorizar só será efetivo se a informação “guardada” for útil ao aluno, fizer sentido prático, caso contrário, será uma memória de curto prazo, cansativa e vazia, não caracterizando a aprendizagem, que é um processo que se realiza em longo prazo.
Esta aprendizagem está diretamente relacionada com a superação de um obstáculo, ou seja, só há aprendizagem quando o novo é reconhecido pelo aluno como um meio de responder a uma pergunta. Uma aprendizagem resulta na aquisição de um conhecimento que pode ser utilizado em diferentes contextos. Embora a aprendizagem se constitua como um caminho pessoal, ela se beneficia das interações sociais.
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A aprendizagem requer um posicionamento crítico-reflexivo também do educador, bem como fatores cruciais: flexibilidade e sensibilidade, sendo que estes derivam de uma formação continuada e qualificada. A aprendizagem significativa envolve trabalho cooperativo, mobilização à instigação (criação e aprendizagem). Para aprender, a criança precisa DESEJAR algo e fazê-lo COM SENTIDO, por isso, cabe ao educador planejar e organizar atividades significativas, desafiadoras, práticas e dinâmicas, sendo que esta tarefa exige um profissional muito mais criativo, dinâmico e qualificado que um mero executor de tarefas.
Brincar é aprender, é elaborar mentalmente, é socializar-se, é favorecer a construção da identidade: aprender a ser, a ser criança, a ser parte de um grupo. Por isso, em qualquer faixa etária, brincar é fundamental, é produzir cultura. Brincar de maneira dirigida ou livre é aprender, por isso esse ato deve ser seriamente visto e garantido, pois é caminho indissociável à aprendizagem.
Ao aprender, o aluno produz cultura, pois é um sujeito sócio-histórico-cultural. Por isso, o professor deve favorecer a construção de um espaço de aprendizagem e produção cultural, em que a criança reinterprete o mundo e produza novos saberes, significados e práticas.
Enfim, para que a aprendizagem ocorra, a criança deve avançar patamares de sua lógica. Por isso, quem atua junto a ela deve conhecer intimamente suas necessidades e características etárias, registrar, observar sempre e intervir quando necessário, avaliando o desenvolvimento e a aprendizagem de cada criança e do grupo.