Por que aprender não é o mesmo que memorizar e treinar?

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Ao contrário do que muitos pensam, a memória é sim um item muito importante na aprendizagem, e ela não deixa de ser significativa por isso. Basta pensarmos nas músicas, tão relacionadas à memória afetiva, em que as crianças rapidamente recitam cantigas complexas de memória, desenvolvendo amplo vocabulário. A educação construtivista não minimiza o papel da memorização, muito pelo contrário. Temos, por exemplo, o conhecimento arbitrário-convencional que, diferentemente do conhecimento físico, não depende tanto das experimentações diretas sobre o objeto do conhecimento e da observação de seus processos de transformação para se converter em aprendizagem, mas a partir do uso cotiano, como nome dos objetos, letras etc.

O significado para o que vê e o que aprende é o que garante o processo
O significado para o que vê e o que aprende é o que garante o processo

Contudo, a diferença é que a memorização está a serviço da educação, é uma ferramenta para o aprendizado, e não o seu único foco, junto ao treino motor, como ainda ocorre em muitas salas de aula, que não acompanham as necessidades e transformações sociais decorrentes do contexto atual. Nelas, os exercícios repetitivos se constituem ainda como principal ferramenta de ensino, deixando de lado as experiências legítimas da infância.

Compreenda aqui o que são propostas significativas

Isso porque aprender não é o mesmo que acumular informações, mas, ao contrário, requer um processo de construção de conhecimento por meio de integração, modificação, transformação e (re)laboração. Aprender exige ação por parte de quem aprende, isto é, memorizar só será efetivo se a informação “guardada” for útil ao aluno, fizer sentido prático, caso contrário, será uma memória de curto prazo, cansativa e vazia,  não caracterizando a aprendizagem, que  é um processo que se realiza em longo prazo.

O espaço com propostas significativas constitui-se terceiro educador
O espaço com propostas significativas constitui-se terceiro educador

Esta aprendizagem está diretamente relacionada com a superação de um obstáculo, ou seja, só há aprendizagem quando o novo é reconhecido pelo aluno como um meio de responder a uma pergunta. Uma aprendizagem resulta na aquisição de um conhecimento que pode ser utilizado em diferentes contextos. Embora a aprendizagem se constitua como um caminho pessoal, ela se beneficia das interações sociais.

Veja aqui como os pequenos investigam

A aprendizagem requer um posicionamento crítico-reflexivo também do educador, bem como fatores cruciais: flexibilidade e sensibilidade, sendo que estes derivam de uma formação continuada e qualificada. A aprendizagem significativa envolve trabalho cooperativo, mobilização à instigação (criação e aprendizagem). Para aprender, a criança precisa DESEJAR algo e fazê-lo COM SENTIDO, por isso, cabe ao educador planejar e organizar atividades significativas, desafiadoras, práticas e dinâmicas, sendo que esta tarefa exige um profissional muito mais criativo, dinâmico e qualificado que um mero executor de tarefas.

A autoria é um dos caminhos da aprendizagem significativa
A autoria é um dos caminhos da aprendizagem significativa

Brincar é aprender, é elaborar mentalmente, é socializar-se, é favorecer a construção da identidade: aprender a ser, a ser criança, a ser parte de um grupo. Por isso, em qualquer faixa etária, brincar é fundamental, é produzir cultura. Brincar de maneira dirigida ou livre é aprender, por isso esse ato deve ser seriamente visto e garantido, pois é caminho indissociável à aprendizagem.

Brincar também é uma maneira formal de aprendizagem
Brincar também é uma maneira formal de aprendizagem

Ao aprender, o aluno produz cultura, pois é um sujeito sócio-histórico-cultural. Por isso, o professor deve favorecer a construção de um espaço de aprendizagem e produção cultural, em que a criança reinterprete o mundo e produza novos saberes, significados e práticas.

Enfim, para que a aprendizagem ocorra, a criança deve avançar patamares de sua lógica. Por isso, quem atua junto a ela deve conhecer intimamente suas necessidades e características etárias, registrar, observar sempre e intervir quando necessário, avaliando o desenvolvimento e a aprendizagem de cada criança e do grupo.

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About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

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