O que é a filosofia Reggio Emilia? Que lugar é esse que influencia algumas instituições de Educação Infantil? Vamos antes, conhecer aspectos mínimos de sua história.
Primavera de 1945, período pós-guerra, Reggio Emilia, comuna ao norte da Itália, na região de Emiliana Romana. Loris Malaguzzi, educador e psicólogo, com sua bicicleta, havia participado da construção de uma escola em Vila Cela, cidade vizinha, a partir dos destroços oriundos do período de guerra e resolveu trazer a proposta a Reggio, num conceito de fato participativo, pois a escolha da cidade foi investir na educação das crianças, de qualidade, a partir da venda de carros bélicos e cavalos deixados pelos alemães.
Foi quando, mais adiante, em 1963, com a autogestão comprometida, surge a primeira escola municipal na circunstância mais adversa, pois um incidente com fogo havia a queimado. Devido a seus esforços e luta com recursos humanos e com a própria natureza, foi denominada Escola Robinson, em homenagem a Robinson Crusoé. Loris Malaguzzi, dedicado professor, utiliza como base material os próprios itens da natureza para sua pedagogia, tornando-se idealizador da Teoria da Escuta Ativa e Teoria das Cem Linguagens.
Loris Malaguzzi (Correggio 1920 – Reggio Emilia 1994) foi muito mais que pedagogo e educador, suas ideias repercutem até o momento. Algumas grandes influências que teve, de vanguarda na época, foram Freinet, Dewey, Wallon, Erikson, Decroly, Vygotsky e inclusive Piaget, cuja teoria é validada com olhar crítico. Assim, a construção pedagógica das escolas se concretiza dentro de uma perspectiva sócio- construtivista em que o conhecimento se constrói por meio da ação do sujeito, no próprio contexto, junto à inovação social e com a cultura local, ou seja, crianças aprendem pelas experiências significativas vividas e nas experiências da ação e do fazer.
Desde 1985 há uma relação entre setores público e privado de Reggio que desenvolve uma rede de serviços para a infância (há creches municipais, conveniadas, dirigidas por Associação de pais etc. e os números aumentam constantemente). A escolaridade não é obrigatória, contudo, há mais de 65% de adesão, enquanto a média média nacional é de 10%. Atualmente existem as creches (3m a 3anos – Nidos) e as escolas de Educação Infantil (3 a 6 anos).
Atualmente a gestão destas escolas é realizada indiretamente pelo Município com a participação de cooperativas educativas sociais, sendo que o regimento de Reggio esta baseado em três vertentes: a educação é um direito; a educação é de responsabilidade da comunidade, da sociedade civil e dos governos; e a educação é um bem comum.
Em 2009, esta experiência com as Creches e Escola da Infância começou a se ampliar para a Escola Primária, como iniciativa piloto, havendo um comprometimento com a continuidade educativa e pesquisa para estudos voltados ao Ensino Fundamental e Universidade.
Recentemente registrou-se mais de 170.000 habitantes de várias regiões do mundo, constituindo uma realidade multiétnica, de crescimento demográfico significativo.
Em 29 de setembro de 2011 foi aberta a Fondazione Reggio Children/ Centro Loris Malaguzzi, que hoje está em 34 países do mundo promovendo interlocuções com a proposta educativa de Reggio.
Como marca constituinte da prática educativa o educador percorre junto à criança o caminho da observação, da documentação, da formulação de hipóteses, da interpretação, da pesquisa e da escuta ativa num ambiente estimulante, conviction, cuidadosamente planejado, que desafia, considerado o terceiro educador.
No contexto educativo das escolas de Reggio, os pais, como responsáveis pelas crianças e também como representantes da comunidade, fazem parte nos processos educativos, são valorizados, estão na essência da experiência, uma vez que não existe criança sem pais.
Pode-se dizer que se trata de uma pedagogia da relação e da escuta, que parte do pressuposto de que a criança conhece o mundo como uma pesquisadora, investigativa, potente, curiosa, questionadora, atenta e que neste processo é produtora de teorias interpretativas e provisórias.
Enfim, as escolas e creches de Reggio Emilia são espaços projetados para as crianças, onde estas encontram contextos verdadeiramente pensados para acreditarem e expressarem suas linguagens, cultura e seu verdadeiro eu. Existe muito mais para se conhecer e descobrir sobre os encantos de Reggio, muito além do que seu olhar permitir!
Referencias Bibliográficas
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender – São Paulo: Paz e Terra, 2012.