O brincar moderno

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O brincar de hoje não é o mesmo de tempos passados, uma vez que o público, a sociedade transforma-se, ou seja, o jogo simbólico (faz-de-conta) representa o contexto atual vivenciado pelas crianças. Mesmo sabendo que toda criança brinca e sempre brincou uma vez que esta é uma atividade inerente ao ser humano, a criança precisa aprender a brincar, ou seja, desenvolver recursos sociais e cognitivos para aperfeiçoar-se nessa arte de brincar.

Levando em conta a dimensão cultural do processo de constituição do conhecimento, ou seja, a importância do brincar na formação das crianças, é possível vermos que por meio desta ação, a criança entra em contato com culturas e épocas diferentes, ampliando um repertório. A cultura do brincar é exercitada em trabalho “interdisciplinar” desenvolvido na Educação Infantil sobre a origem do brincar, envolvendo inclusive contribuições de jogos e brincadeiras histórico-culturais, além de construções com sucata. O brincar em espaços coletivos também favorece que as crianças sejam autoras práticas sociais, afinal, o brincar faz parte no patrimônio cultural.

Brincar é um movimento histórico e social
Brincar é um movimento histórico e social

Ainda no maternal, a ludicidade é utilizada como recurso para cativar ou ensinar algo novo à turma. Passada a adaptação, os “cantos da entrada” são na maioria das vezes escolhidos pelas próprias crianças, acabando por caracterizá-los muitas vezes como atividades independentes. Existem muito recursos preciosos que o professor pode utilizar a serviço do brincar, desde os mais elaborados, até os mais simples e inusitados e, estes sim, muitas vezes auxiliam na abstração e do pensamento e na sua criatividade.

Os eletrônicos também têm seu papel, desde que introduzidos de modo assistido é orientado, a favor da aprendizagem relacionada, por tempo bastante limitado, em um ou dois dias da semana, por exemplo, havendo contexto pedagógico. Proibir, nem sempre é o melhor caminho, deve-se ensinar a utilizar com cautela e critério. Quando acontece a troca de relações sociais pelo uso do eletrônico, é hora de parar.

O teórico sóciointeracionista Vygotsky cita a Zona de Desenvolvimento Proximal (atuação não além ou aquém da sua possibilidade cognitiva, levando a um aprendizado real), colocando que quando as crianças brincam, exercitam suas possibilidades de atuação e compreensão do sentido de realidade e tornam-se “elas mesmas”. Neste momento, inferimos que suas múltiplas linguagens estão ativadas.

O brincar é um ato sério é inerente à açào humana
O brincar é um ato sério é inerente à açào humana

Atualmente, as brincadeiras espontâneas mais recorrentes e exercitadas pelas crianças refletem a sociedade atual, como por exemplo: casinha, luta (super-heróis), venda/ mercado, blocos e mamãe e filhinha. Em tais brincadeiras, os participantes são escolhidos espontaneamente, pelas próprias crianças, que se organizam em grupos de preferência e muitas vezes transitam nestes. Nota-se que se excluem aqueles participantes que não seguem regras pré-estabelecidas pelo grupo, sendo que a regra prevalecente é “Não bater!”. Deste modo, exercitam sua independência rumo a uma autorregulação autônoma. Este brincar não dirigido deve ser estimulado integrando-se também diferentes faixas etárias, a fim de que habilidades sociais e cognitivas sejam intercambiadas.

Mesmo em momentos de brincadeira espontânea, as professoras conhecem intimamente suas crianças, sabem ouvir suas necessidades, fazem-se presentes em suas brincadeiras, o que implica em “escutar” as vozes das crianças, sabendo o que elas gostam de fazer e querem dizer. O brincar requer saber o que observar, por isso, a escuta ativa do educador deve estar ativada! Em momentos dirigidos, as educadoras também focam sua observação, mas em consonância com propostas planejadas e com objetivos específicos, porém brincam junto às crianças, divertindo-se com a elas e entregando-se ao movimento lúdico.

A crinça brinca
A crinça brinca e o professor deve ouvir suas vozes

Faz-se necessário que nós, adultos, tanto educadores quanto pais, nos conscientizemos da importância do brincar como forma de aprender, desenvolver-se, conhecer, tomar consciência lógica de si, significar a vida, representar o mundo, desenvolver independência, fruir. Brincando, fortalecem-se relações sociais com adultos e outras crianças.

About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

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