Na Educação Infantil a linguagem constitui um dos eixos básicos a serem estimulados, tendo em vista sua importância para a formação do sujeito, para suas relações interpessoais, na orientação durante suas ações, bem como, na construção do conhecimento e no desenvolvimento do pensamento.
A partir do contato efetivo com a aprendizagem da linguagem oral e escrita é que nossos pequenos ampliam suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais.
Basta pouco tempo para que as vozes das crianças mais pequeninas sejam ouvidas. Se no início do ano as conversas eram centradas nos adultos, atualmente começam a ocorrer entre os pares.
Nós, seres humanos, temos como uma das principais características a Linguagem Oral, sendo ela muito mais do que um instrumento de expressão e comunicação, mas sim, a função simbólica responsável pela elaboração do pensamento.
Ao aprender uma língua, não se aprende apenas palavras, mas sim significados culturais, pelos quais as pessoas do seu meio sociocultural a entendem, interpretam e representam a realidade.
Nessa fase do desenvolvimento, a constante exploração e manipulação de objetos durante as brincadeiras, possibilita que as crianças adquiram um conhecimento sobre eles, tornando significativas as palavras vinculadas a eles (cores, tamanhos e formas, funções, peso etc). A ampliação do vocabulário se expande rapidamente, e as crianças passam a utilizar a linguagem oral nas mais variadas situações e nas suas relações.
Torna-se comum ouvirmos diálogos nos momentos cotidianos, como: “Você cortou o cabelo?”; ao se organizarem nas brincadeiras: “Vamos brincar de boneca?”, “Você é o lobo!”; ao pedirem ou agradecerem por algo, dizendo: “Por favor” e “Obrigado”; e até mesmo nas manifestações de carinho: “Posso te dar um abraço?”.
A extensa capacidade de nossos pequenos ao utilizarem a fala de forma cada vez mais competente em diferentes contextos se dá na medida em que eles vivenciam experiências diversificadas e ricas, envolvendo as descobertas e os diversos usos possíveis da linguagem oral.
Sendo assim, é possível observarmos um salto qualitativo na interação entre as crianças, principalmente nas situações de conflito. Antes, usam ações e reações exclusivamente motoras, como empurrar, puxar e chorar, para manifestarem seus desagrados e vontades. Com a aquisição gradativa desta linguagem, começam a substituí-las por expressões que se adequam às ocasiões do dia a dia.
A mediação do professor ainda é presente e importante nesse processo, ajudando a criança a perceber o quanto já é capaz de transformar suas ações em palavras, usando “Me empresta um pouquinho?”, “Eu estou usando!”, “Eu não quero!”, “Eu não gostei!” para relacionar-se nas brincadeiras e com os integrantes do grupo.
Essa crescente ampliação de repertório não se restringe à memorização de vocábulos e frases já ouvidas, mas sim inter-relaciona pensamento e ação. Quando o sujeito compreende e se faz compreendido, a competência linguística é aperfeiçoada, surgindo novas associações e significados. Dessa forma a interação é fundamental na imersão da expressividade da língua.
Comunicando-se com seus colegas, a criança aprende a trocar, a dividir, a esperar sua vez e compartilhar ideias e espaços. Nesse cenário, as relações paulatinamente se estabelecem e a linguagem, se transforma não só em instrumento do pensamento como, também, em instrumento de conhecimento de si e do mundo.