Literatura na Educação Infantil: qualidade necessária

A linguagem oral e escrita merece especial atenção no trabalho com as crianças da Educação Infantil, uma vez que constitui importante papel na formação do sujeito, na construção de conhecimento de mundo. Contudo, as propostas devem ser pautadas em práticas sociais repletas de significado.

Desde o maternal, o contato com livros deve ser constante. Cada sala de aula de aula deve possuir sua estante ou cesto com livros selecionados, muitos deles resistentes à curiosa manipulação dos bem pequenos. Contudo, nem por isso, o livro-brinquedo deve ser o único integrante. Um acervo de qualidade deve repertoriar o universo literário de quem inicia a construção da oralidade, ou seja, a escolha deve ser subsidiada pelo adulto experiente, na busca por títulos qualificados.

Mais do que habituar-se à imagem dos livros, formar leitores é um dos objetivos da Educação Infantil, por isso os momentos reservados para a leitura de histórias são garantidos pelas educadoras, que devem apresentar às crianças os mais diferentes gêneros literários, tipologias e portadores textuais, além de ler para si, constituindo modelo de leitura e atribuindo-lhe função social.

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A biblioteca também é um espaço privilegiado, pois as crianças não apenas observam as professoras como contadoras de histórias, mas é mais um local onde adultos são leitores, reproduzindo a postura, valor e cuidado atribuído aos livros. Organizar os livros em suas devidas estantes, observando a classificação por cores, também faz parte da formação dos nossos pequenos leitores, que muitas vezes interessam-se por conhecer o funcionamento de uma biblioteca convencional. Havendo ou não na escola, a biblioteca constitui um dos primeiros espaços públicos, ou seja, de uso comum, o que consequentemente favorece a conscientização da necessidade de preservação das obras, bem como organização do espaço para que outras pessoas o utilizem.

Aos poucos, por meio do incentivo pedagógico das docentes e pais, as crianças podem conhecer um repertório literário bastante rico, e iniciam a diferenciação de coleções, gêneros e até autores e editoras!

Além do encantamento com os contos de fada e narrativas tradicionais e contemporâneas, desde os menores é possível observar a construção de um repertório de parlendas e cantigas da nossa cultura popular. A partir dos 3 anos em média, as crianças memorizam trechos complexos, e fazem até “recontos”, uma vez que têm ligação afetiva com o enredo conhecido, apreciando antecipar situações, identificar-se e conhecer sentimentos despertados pelo texto.

A oralidade, a escrita e a leitura destes pequenos textos são trabalhadas de maneira integrada para dar significado às crianças, que se encantam quando, por exemplo, deparam-se com lendas, mitos e folclore. Assim, mesmo as crianças menores, por meio de imagens que lhes fornecem indícios, fazem suposições do que está escrito num livro.

Na escola reflexiva, é muito comum que em Projetos de Classe ocorra uma maior exploração do universo literário, uma vez que as crianças recorrem até mesmo à bibliografia de cunho científico, desenvolvendo o gosto pela pesquisa, descobrindo o caráter informativo de muitas obras. Outros grupos, por exemplo, desenvolvem propostas específicas voltadas à exploração da leitura, descoberta de mecanismos de nossa linguagem, representação de histórias conhecidas – iniciativas que ampliam ainda mais seu repertório linguístico.

Além disso, muitas escolas vivenciam propostas como Biblioteca Circulante, Pessoal ou Dia do Livro, a fim de que o prazer pela leitura estenda-se para outros ambientes e seja partilhado com colegas. Livros coletiva ou individualmente construídos e recitação poéticas são exemplos de momentos que podem ser valorizados pelas escolas e são bastante apreciados pelas famílias, que notam o progressivo amor pelo universo literário. Deixar que as crianças organizem seus espaços e acervos literários, bem como o estabelecimento conjunto de combinados para a conservação das obras, também são mecanismos valiosos de incentivo à valorização do acervo cultural e da própria leitura.

E você, professor, como tem incentivado a leitura em sala de aula?