Fazendo escolhas na Educação Infantil

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As crianças, na mais tenra idade, já são capazes de fazer pequenas escolhas no dia a dia escolar. Ter a possibilidade de escolher o que fazer, com o que brincar, onde ir, permite às crianças o exercício de tomar decisões e exercer a sua independência fortalecendo a sensibilidade para fazer opções cada vez mais complexas, o que representa grande passo rumo à autonomia. A criança da Educação  Infantil ainda não é autônoma, pois não tem a capacidade operatória de autogovernar-se, mas pode exercitar plenamente sua independência fazendo escolhas que lhe são cabíveis.


Mas como isso é possível com crianças tão pequeninas que ainda são heterônomas? Isto é, contrariamente à autonomia, que possibilita que as crianças decidam o que é correto e verdadeiro, independentemente de recompensas ou punições, na heteronomia, característica presente nas crianças de idade maternal, as crianças não só sentem-se seguras, mas dependem da orientação de um adulto em suas ações.A progressiva independência na realização das mais diversas ações, embora não garanta autonomia, é condição necessária para seu desenvolvimento.
Isso não quer dizer que elas poderão fazer tudo o que desejam, até porque tal ação não lhes conferiria segurança física e emocional, tampouco estabelece relação saudável com o adulto, que por si só já representa uma figura de autoridade, que deve ser legitimado como tal, por respeito, e não temor. Há decisões, por exemplo, que só acabem ao adulto por estarem relacionadas à acuidade física e emocional, intimamente ligadas ao princípio da vida. Como exemplo, podemos citar a ida à escola, a utilização de medicamentos, o tratamento cordial a outras pessoas.

Quando a criança pode exercitar sua escolha, ela desenvolvo sua autoestima e autonomia intelectual
Quando a criança pode exercitar sua escolha, ela desenvolvo sua autoestima e autonomia intelectual

Porém, há situações em que tais decisões são possíveis, dentro da segurança e limitação estabelecida pelo adulto. Por exemplo, em dia frio, não há opção de não utilizar casaco, mas é possível favorecer a escolha da criança quando, por exemplo, permitimos que esta opte por qual casaco utilizar. Outro exemplo: ao bagunçar um local comum, a opção “não arrumar” não deve ser oferecida, porém, arrumar “sozinha” ou “com ajuda” pode ser uma boa saída aos responsáveis, que veem um grande desafio na introdução de regras sociais.
E na escola, como fazemos para oportunizar as escolhas?
Existem muitos momentos: servir-se no lanche, desde que com incentivo da educadora; assembleias em que o grupo diz o que apreciou no dia e o que deseja fazer, em que se exercita a cidadania; nas brincadeiras e, principalmente, na organização didática da rotina do grupo.

Práticas democráticas incluem as crianças nas decisões
Práticas democráticas incluem as crianças nas decisões

Como dissemos, a capacidade de realizar escolhas amplia-se conforme o desenvolvimento dos recursos individuais e mediante a prática de tomada de decisões. Buscando criar oportunidades para que fortaleçam a escolha e visando valorizar a escolha individual existem outros momentos interessantes para que exercitemos a escolha, como a exposição de produções nas paredes da escola, que também podem ser sugeridas ou auxiliadas pelas próprias crianças. Deste modo, a participação em exposições organizadas especialmente para dar destaque à produção infantil, levando-as a valorização destas, colabora com a autoestima dos pequenos, desenvolvendo o conceito, por exemplo, de curadoria. É muito válido que o educador valorize o sentimento de apreço no que se refere a suas próprias produções e atitudes de respeito quanto à criação dos outros.

 

Propostas diversificadas na Educação Infantil oportunizam a organização do tempo e espaço
Propostas diversificadas na Educação Infantil oportunizam a organização do tempo e espaço

Existem as propostas permanentes (rodas de conversa, lanche etc.) que ocorrem diariamente; as coletivas (reúnem o grupo para uma proposta comum), as atividades independentes (livre escolha das crianças) e as diversificadas, que necessitam da organização do professor para selecionar cantos de acordo com seus objetivos pedagógicos, em que as crianças estabelecem regras e dentre os cantos selecionados pela educadora, organizando-se no tempo e no espaço. Tais propostas são extremamente benéficas não apenas por reforçar a responsabilidade dos pequenos, mas por introduzir na prática, o conceito de organização pessoal e coletiva. E você? Quanta escolha tem propiciado aos seus pequenos?

About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

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