O que é e qual a importância da documentação pedagógica?
Muito além de um acervo burocrático, ou de uma reunião de portfólios, a documentação pedagógica é um material rico, de aprendizagem contínua que registra o que as crianças estão dizendo, fazendo e produzindo e como o pedagogo se relaciona com elas e com seu trabalho. Ou seja, é uma oportunidade de se rever sob outra ótica e de analisar tanto a prática educativa quanto o desenvolvimento das crianças em perspectiva analítica.
A documentação é um ato de legitimação das linguagens, pois torna visível a aprendizagem de uma comunidade, registrada por meio de uma série de recursos, tanto os encontros de curta (episódio) como de longa duração (projeto).
Ela é, pois, democrática, já que garante escutar e ser escutado, ouvir e ser ouvido, ver e ser visto. Não sob uma visão limitada, pré-definida, mas muito mais sensível e abrangente. Grupos, por exemplo, podem se observar de um ponto de vista externo enquanto estão aprendendo durante e após o processo documentado. E como isso ocorre?
Vejamos: por meio da documentação, o professor dialoga com seus pares de atuação e faz uma narrativa da criança registrando suas palavras, gestos, teorias, hipóteses, pensamentos. Por vezes, as narrações e “releituras” são visuais, outras, gráficas, pictóricas, sonoras. Ele analisa o material que coletou durante o dia à luz da teoria e registra as passagens, as construções, as evocações, as vozes das crianças. E a escola passa a ter vida, a anunciar o aprendizado percorrido.
Documentação nada mais é do que uma linguagem que torna visível a construção de significados do grupo envolvido no processo educativo daquela escola, ou seja, daquela comunidade aprendente. É um percurso interpretativo! As escolas podem produzir seus documentos num acervo: vídeos, áudios, manuscritos… Pode conter ainda painéis, cartazes, fotos, relatórios etc. todos acessíveis à comunidade escolar. A teoria e prática dialogam, é um processo de autoanálise e autoavaliação, que serve como ferramenta de crescimento e estudo comunitário. As salas podem contar histórias reais e entrelaçadas, documentações progressivas e atualizadas.
A criança também aprecia enxergar-se sob outro âmbito, outra perspectiva, fazer um exercício de descentralização e, neste sentido, pode-se compartilhar vídeos e imagens com as crianças. Esse processo documentativo atualiza e eterniza memórias de experiências e conhecimentos, oferecendo elementos para avaliar o processo e indicando estratégias. Quando registramos, clarificamos nosso olhar, enxergamos aquilo que outrora não notávamos, passamos a nos enxergar no processo, a perceber peculiaridades. Há, enfim, confronto com paradigmas e abertura às teorias provisórias.
A documentação educativa, enfim, clarifica o olhar, auxilia na relação com as crianças, nos dá pistas de como aprendem. As crianças, educadores, “aprender a aprender!” que é um conceito tão importante, já que atribui sentido verdadeiro ao que fazemos!