Como avaliar na Educação Infantil?

LOGO PEDAGOGIA E INFÂNCIA

A forma como avaliamos nossas crianças traduz muito da nossa concepção pedagógica. Isto quer dizer que uma avaliação pode ser inclusiva ou ao contrário, excludente, colocando o professor de forma do processo. Em verdade, a avaliação deve ser um instrumento reflexivo e construtivo. Na Educação Infantil, desenvolvemos aquilo que chamamos de Avaliação Formativa. Esta é constituída por intermédio do registro realizado pelos profissionais do desenvolvimento e da aprendizagem de cada criança e do grupo. Esses registros são pautados em observações diárias e cuidadosas, em diversos contextos e situações. Procura-se constituir material a partir da documentação pedagógica, quando o educador sistematiza seus registros intencionais, observando o grupo e avaliando-se consecutivamente sob diversas óticas e perspectivas.  Relatar de modo formativo, significa informar-se em assessorias pedagógicas, formar-se continuamente e valer-se de linguagem descritiva, sem emprego de juízos de valor ou impressões pessoais vagas, sendo um exercício constante. É inevitável que desejemos apontar as dificuldades das crianças, nos isentando de qualquer responsabilidade ou possibilidade de ajuda. Contudo, pensar sobre o motivo implícito em determinado comportamento, bem como nossas intervenções, fazem parte do processo de avaliação que não é só do aluno, mas de toda a equipe docente.

A formalização de todas esses registros pode dar origem, por exemplo, a relatórios descritivos, tanto individuais quanto grupais, em que as observações, reflexões e intervenções do educador expressam as relações, características e reações de cada criança em suas relações interpessoais, de forma neutra e profissional.

Ato de aprender representa conquistas que são únicas e relativas
Ato de aprender representa conquistas que são únicas e relativas

Ao empregar-se critérios como “atingiu” ou “não atingiu”, muitas vezes se esquece de traçar perspectivas únicas de aprendizagem para a própria criança. Por vezes, aquilo que pode ser “parcial”, para determinada criança representa imensa conquista. Em outras situações, esses critérios sequer são mensuráveis. Perde-se, então, o caráter individualizado, e lança-se mão de uma avaliação mais mecanizada e comparativa, com o clássico uso de campos pré-definidos que assinalam uma criança nada previsível.

Assim, num movimento contínuo e reflexivo, constrói-se a história do desenvolvimento de cada criança e do grupo, coordenando-se diferentes pontos de vista de educadores, partilhando-os com os pais e com as próprias crianças, que têm ciência de seu processo e percurso de desenvolvimento. Para a criança, é possível, por exemplo, perceber seu crescimento retratado por intermédio de portfólios, frisas e de conversas com o professor, que ao seu modo e de acordo com sua faixa etária, lhe conta respeitosamente sobre o conteúdo de seu relatório. Na avaliação formativa, a criança também faz parte do processo, ela desenvolve gradativamente a capacidade de se perceber nesta evolução contínua.

Avaliar é um ato solidário e compartilhado
Avaliar é um ato solidário e compartilhado

Assim, além de constituir um documento histórico que foca o individual numa esfera coletiva, os relatórios representam descrições feitas pelo educador, em parceria com a coordenação pedagógica, orientação educacional e direção, e publicados aos pais, que se mantêm continuamente informados sobre o desenvolvimento integral de sua criança, também auxiliados pelo contato com os professores por  encontros individuais. Nesse movimento de avaliação contínua e metódica, o educador sistematiza suas observações, reflete sobre a progressão dos fatos. Assim, os caminhos trilhados pela criança e pelo grupo tornam-se conscientes para os educadores e evidentes para os pais. Um dos benefícios da avaliação por relatórios descritivos é favorecer a observação consciente, a qual gera intervenções eficazes ao desenvolvimento e progressão das aprendizagens.

About the Author

A autora do site é nascida na cidade São Paulo, e o Curso Normal/ Magistério foi a primeira opção na área docente antes do ingresso na faculdade de Letras da USP, onde concluiu a dupla habilitação português/ alemão em parceria com a EDUSP. Em seguida, cursando pedagogia e a primeira especialização em Moralidade e Relações Interpessoais na Escola, a formação continuada prosseguiu como uma premissa maior, com cursos como Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Psicomotricidade e especializações como Bilinguismo e Educação Infantil. Atualmente, também é mestra em Ciências da Educação. Paralelamente, atuou continuamente na Educação Infantil, onde se estabeleceu há mais de 20 anos, assumindo diversas funções até atuar na diretoria de segmento. Também ofereceu diversos cursos e formação por meio de assessoria pedagógica especializada, é ávida leitora, apaixonada pela experiência educativa de Reggio Emilia e considera-se uma eterna aprendiz, seja em contextos locais ou internacionais.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *